Pela vida humana nos cursos de graduação em turismo

A segurança, como um todo, é fator preponderante na atividade turística. É relevante o conhecimento sobre segurança pessoal, prevenção de acidentes, gerenciamento de riscos e primeiros socorros na atividade do turismo no panorama atual. Apesar de o Ministério do Turismo e o Instituto de Hospitalidade estarem preocupados com o Turismo de Aventura, há uma carência de regulamentação nesse setor, pois a atividade do turismo é muito ampla e a preocupação não pode se resumir a um segmento apenas.

Pesquisas bibliográficas, consultas à legislação e questionários aplicados a acadêmicos do curso de Turismo da Faculdade Visconde de Cairu, na Bahia, deram amplo respaldo para que se chegasse à conclusão de que as faculdades de Turismo necessitam incluir, em seus cursos, disciplina com esse conteúdo. As palavras-chaves são Turismo, Segurança – Educação, Primeiros Socorros, Prevenção de Acidentes – Gerenciamento de Riscos.

Os cursos superiores de Turismo no Brasil iniciaram-se em 1970, devido à crescente demanda turística no país, exigindo cada vez mais mão-de-obra qualificada e profissionais capacitados para lidar com a exigência dos consumidores em relação à prestação desses serviços. O país carecia de profissionais que pudessem planejar e organizar as atividades turísticas e serviços correlatos, e que atuassem como mediadores entre os diversos grupamentos sociais do setor. O turismólogo (bacharel em Turismo) tem uma formação multidisciplinar. A área de atuação é abrangente, além de diversificada, e sua dimensão é imensurável, englobando administração, planejamento, organização, coordenação e tantas mais.

O gerenciamento de riscos, prevenção de acidentes e primeiros socorros são noções básicas fundamentais e práticas elementares, fáceis de serem adquiridas e de grande importância para todos os cidadãos, principalmente para o acadêmico em Turismo. O turismólogo deve ser uma figura mediadora entre os diversos domínios do turismo e possuir uma visão holística, sempre enfatizando a integração desses setores entre si. A prática dos diversos segmentos com segurança é fator preponderante. Para isso foram trazidas à luz as implicações que poderiam ter, para o turismo, as atividades programadas e executadas sem as técnicas da prevenção e primeiros socorros, já que uma das infelizes realidades do turismo é a ocorrência de acidentes.

A presença do comportamento ético, responsável e profissional na atividade turística é a base do desenvolvimento e da sustentabilidade do turismo. São elementos-chave. As atividades orientadas podem minimizar o fluxo de adrenalina, que leva indivíduos a participarem de atividades de risco, e aumentar o nível de consciência para a própria preservação e a dos que estão ao seu redor.

Acidentes vêm acontecendo há muito, em passeios, excursões, esportes, entre outros, causando danos irreversíveis aos acidentados. E, muitas vezes, esses danos não são causados pelos acidentes em si, mas sim pela maneira errônea ao socorrer a vítima, por erros no transporte dos acidentados ou, até mesmo, pela falta de habilidade e conhecimento das pessoas que estão por perto, que não sabem o que fazer nesses casos.

No Brasil, apesar da sua evidente importância, sabe-se muito pouco sobre a prática de primeiros socorros. A sociedade silencia e pode ser considerada, sem exageros, ignorante diante de tal situação. Noções básicas dessa atividade, que poderiam ser incluídas nos currículos de todas as séries como matéria obrigatória, continuam como privilégio de poucos.

Primeiros socorros, como o próprio nome sugere, são os procedimentos de emergência, aplicáveis a uma pessoa que esteja com a vida em perigo, com o intuito de manter os seus sinais vitais e evitar o agravamento até que a assistência médica chegue. A diferença entre urgência e emergência é que a primeira trata-se da situação onde não há risco imediato, já na segunda o atendimento tem que ser priorizado, pois existe risco de morte. A falta de conhecimento sobre a aplicação dos primeiros socorros pode ser fatal para um acidentado. Agir corretamente até a chegada de um médico faz toda diferença.

Um treinamento em primeiros socorros será sempre de grande utilidade em algum momento da vida. Prestar primeiros socorros, porém, requer domínio de habilidades que só podem ser adquiridas em treinamentos práticos, como a compressão torácica, mais conhecida como massagem cardíaca, para citar um exemplo, pois pessoas morrem simplesmente porque os que presenciam um ataque cardíaco não sabem como aplicar esse fácil procedimento.

O gerenciamento de risco é peça fundamental para o turismo. Ele tem como objetivo a prevenção de acidentes, facilitando a identificação e análise do risco, podendo assim desenvolver um trabalho baseado em informações concretas, e estar ciente dos riscos a que turistas e demais praticantes estarão mais expostos, os tipos de acidentes e onde podem ocorrer.

Quem sabe socorrer uma vítima corretamente está vários passos à frente do profissional comum. É uma pena que se inclua uma língua estrangeira nos currículos, mas não ensine sobre os primeiros socorros. Este conhecimento pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

Os cursos de Turismo poderiam, portanto, incluir a prática de primeiros socorros como disciplina obrigatória em sua grade curricular. Os coordenadores dos cursos, o Ministério do Turismo, o MEC e o próprio governo federal deveriam atentar para esta questão, já que a atividade turística cresce assustadoramente no Brasil e sendo geradora de postos de trabalho, emprego, rendas e divisas, precisa ser revista. Há uma lacuna que necessita ser preenchida. A atitude de preenchê-la significará uma vitória do bom senso.

por Eloisa Inês Santos Coêlho
eloisaines@msn.com

Bacharel em Turismo, graduada pela Faculdade Visconde de Cairu-BA, técnica em enfermagem, empresária hoteleira e voluntária da ONG Férias Vivas, fundada em 2002, com a missão de “educar para o turismo e lazer seguro e responsável”.