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VIDA AO AR LIVRE: relatos de um Podcast

Segundo pesquisas realizadas em outros países, o Brasil é apontado como local ideal para a prática de turismo de aventura e também um dos melhores destinos turísticos do mundo para o ecoturismo. Realmente, o meio ambiente é um grande componente das características que são atreladas ao nosso país em visão internacional, sendo assim é aparente este fator ser um aspecto importante na atração de turistas ao Brasil. A partir disso, nós da Férias Vivas viemos compartilhar alguns dos ensinamentos adquiridos através do Podcast Natrilha comandado pelo nosso embaixador Renan Alves do Natrilha Podcast, que oferece conteúdos muito interessantes com foco em atividades e esportes outdoor, turismo e saúde.

Hoje, vamos falar especificamente do episódio Vivendo Uma Experiência ao Ar Livre, no qual a Outward Bound Brasil (OBB, parceira nossa de longa data) participa como convidada especial. Temas como o turismo de aventura, a valorização da natureza e a segurança na atividade turística são abordados neste episódio. Aproveite a leitura!

APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Este podcast contou com a participação de Renan Alves, anfitrião do programa; Andreas Martin, que ocupa a posição de diretor executivo da OBB; Moaci Judson que atua como educador ao ar livre também na OBB; Redi Siqueira, que é montanhista e Luiz Gadetto que é empreendedor em turismo de aventura e montanhismo.

E o que é a OBB?

O episódio se inicia com Andreas explicando sobre a Outward Bound Brasil e como ela funciona. Partindo do pressuposto que cada um de nós temos mais habilidades e capacidades que podemos imaginar, a Outward Bound Brasil tem como objetivo proporcionar uma aventura, em meio a natureza de forma autêntica, tirando as pessoas de maneira intencional e estruturada da sua zona de conforto a fim de desenvolver o crescimento pessoal através de erros e acertos.

A Outward Bound é uma rede de organizações sem fins lucrativos internacional, presente em 35 países e por ano possuem mais de 150.000 participantes que passaram pelas suas experiências. A organização tem como base proporcionar uma experiência onde o indivíduo possa descobrir a si mesmo, diante de um grupo de pessoas através de vivências desafiadoras que aparecem durante a prática do roteiro.

De acordo com os instrutores, a natureza é capaz de proporcionar um ambiente que acelera o processo de entendimento de situações, a fim de encontrar soluções para problemas e impulsionar o autoconhecimento do participante. Por isso, eles incentivam o planejamento de uma jornada por meio de desafios físicos e emocionais em suas atividades.

EXPERIÊNCIA PRAZEROSA X EXPERIÊNCIA PROVEITOSA

Um dos ensinamentos iniciais dessa discussão entre profissionais da área foi a diferenciação entre uma atividade que promova o lazer, e outra que promova o mesmo fator adicionado de práticas que sejam oportunas para o desenvolvimento do ser humano. É importante observar que o aprendizado não se dá através de situações prazerosas, mas sim provém de enigmas e percepções incômodas.

Mas então você deve estar se perguntando, como promover atividades que concedam ensinamentos através de dinâmicas em meio a um roteiro turístico?

A OBB propõe um treinamento inicial para os participantes, para que eles sejam instigados durante o percurso com os ensinamentos aprendidos previamente. Neste, os integrantes do grupo aprendem a usar bússolas, a montar sua barraca, a cozinhar sua própria comida, entre outros. Segundo Andreas Martin “Nós não fazemos para os participantes, mas sim com os participantes”, o que torna a experiência muito mais interessante da perspectiva do grupo, uma vez que as pessoas escolhem participar dessa atividade já sabendo o propósito dela.

Dessa forma, a Outward Bound Brasil tenta extrair o aprendizado de seus visitantes, de modo que o participante se exponha ao desconforto a fim de gerar uma inquietação do mesmo. Um exemplo que acontece frequentemente é quando um grupo toma a decisão de seguir o caminho errado na trilha. Os instrutores não corrigem o caminho, mesmo essa ação significando que o grupo terá que caminhar muito mais do que o caminho correto. Pois a partir disso, é possível identificar o erro pela perspectiva do aprendizado, sendo mais fácil observar o que poderia ter sido diferente. Dessa forma, não há necessidade da correção do instrutor, uma vez que o participante já entendeu por si só, vivenciando o erro.

Segurança física vs. emocional

Os condutores têm a obrigação de entender os limites e ter a expertise para não colocar em risco a integridade dos grupos. A OBB tem como foco a geração de conflitos em meio a um roteiro ao ar livre a fim de que sejam encarados e resolvidos e não jogados para baixo do tapete, porém é necessário identificar qual o momento que esses conflitos podem afetar de maneira negativa o participante.

Situações onde as pessoas possam ameaçar a segurança física e mental são alertas de intervenção aos instrutores, é nesse momento que eles entram em ação para ajudar o grupo. O intuito é não colocar os participantes na zona de pânico.

Momentos onde você possa estar tão cansado a ponto de tropeçar em uma trilha e fraturar seu tornozelo, podem ser comuns. Ou até mesmo possíveis intrigas entre os grupos que extrapolam o senso comum entre os participantes que fujam da proposta ideal do projeto.

De qualquer modo, é imprescindível que você preze pela sua segurança enquanto pratica alguma atividade outdoor, mas ainda assim, os profissionais que te acompanham devem saber como prevenir essas situações.

Feedback

O aprendizado é um exerecício constante que passa pelo feedback. E você? Gosta de ser avaliado?

Esse foi outro tema discutido no episódio: como dar um feedback ao participante da forma ideal. É natural do ser humano ter a sensação de medo ao ser avaliado por alguém, seja no ambiente de trabalho, em uma apresentação escolar, etc. Não devemos ter medo! O feedback é uma ferramenta de crescimento, uma vez que vemos nossas ações por perspectivas de outras ações, ele identifica o que pode ser aperfeiçoado na prática proposta, é com ele que você descobre onde melhorar.

Faz parte da jornada do avaliador saber proporcionar um feedback construtivo aos participantes. É aconselhável essa avaliação ser baseada em fatos e não percepções pessoais do instrutor, e com as criticas podem vir sugestões para a evolução do indivíduo. Dessa forma, o feedback se torna positivo para ambas as partes.

ATIVIDADES NA NATUREZA E O BRASIL

O turismo em áreas ambientais no Brasil ainda é uma atividade muito recente e imatura, porém é possível enxergar um cenário de crescimento nessa área. O país possui grandes espaços para instalações desses atrativos. É positivo observar a extensão territorial do Brasil como leque de oportunidades espalhadas pelos nossos estados, desde que sejam feitas de maneira adequada.

Vocês leitores do nosso conteúdo são engajados com as práticas ao ar livre, porém grande parte dos brasileiros ainda não possuem esse contato com o meio ambiente. Por mais que a pandemia tenha sido um fator que intensificou a busca por atrativos turísticos relacionados com a natureza, a falta de conservação pelos visitantes dos ambientes florestais ainda é muito presente.

A falta de consciência ambiental é um dos males da população brasileira. É aparente o déficit de preocupação em relação a questões ambientais (vejamos o desmatamentos da floresta amazônica) ainda há muito pouco debate por parte da sociedade. Quando observada de uma perspectiva turística, ainda há lacunas a serem preenchidas em relação às práticas dos bons modos em ambientes como trilhas e cachoeiras, isso implica em falhas de instrução por meio do governo das agências que comercializam pacotes sem incentivar o bom uso desses atrativos naturais.

Também é precário o nível de interação que existe entre a população brasileira e atrativos naturais. É necessário fomentar o convívio das pessoas em ambientes naturais, pois eles são fontes benéficas para combater diversos problemas do cotidiano, sendo capaz de fazer você observar os detalhes propostos por uma vivência descontraída ao ar livre, buscando a fuga do dia-a-dia, trazendo contexto aos seus problemas a fim de resolvê-los de forma pragmática.

Embora essas questões sejam relevantes, não podemos ignorar o fato de que ainda existe um grande impasse em divulgar a importância da valorização da natureza como forma de bem-estar físico e psicológico uma vez que ainda há muitas questões sociais que devem ser tratadas como prioridade, como a pobreza no país.

Valorização da natureza vs nível socioeconômico do brasileiro

Diante do nível socioeconômico baixo de grande parte dos brasileiros, é difícil cobrar interação com a natureza da população quando não há comida para pôr na mesa. Apesar disso, não podemos negar todos os benefícios que podem ser oferecidos por uma experiência na natureza. Dessa forma, devemos buscar pelo equilíbrio entre criar oportunidades onde a população possa planejar como realizar atividades de lazer dentro do orçamento de cada um. Nós sabemos que isso não é uma tarefa fácil e que não está somente em nossas mãos.

Porém existem recursos que podemos utilizar para acelerar esse processo. Mesmo com estruturas precárias é imprescindível tentar incentivar o apego pela natureza acessível. Mas você deve estar se perguntando, o que devemos fazer? A OBB faz a sensibilização diretamente com atividades ligadas à natureza.

Positivamente, a busca por práticas em trilhas vem crescendo com a pandemia, a busca pela calmaria a fim de fugir da vivência da cidade e do isolamento se torna mais constante, mas é preciso ter consciência e preparo para as atividades em meio natural.

Quais são os erros comuns que os iniciantes mais cometem?

Os participantes do podcast apresentaram seus pontos de vista sobre a falta de preparo de alguns condutores de atividades ao ar livre e dos visitantes negligentes. De acordo com Moaci Judson, “As pessoas têm como responsabilidade se informarem antes de praticarem alguma atividade, uma vez que a maior fonte de educação que se pode obter é através da busca do próprio conhecimento. Diante da segurança adquirida a partir de seus conhecimentos consolidados, é possível compreender medidas cautelosas e de entendimento do local a ser explorado.”

Então é importante se desprender do imediatismo e buscar informações qualificadas para estar preparado para imprevistos. Há ainda uma subestimação dos riscos e a superestimação das nossas capacidades em ambientes outdoor. É ideal entender o equilíbrio e ter atenção às precauções que possam aparecer. Segundo Moaci, “Quanto mais vivência o participante tiver, mais clareza ele terá quanto às suas habilidades”.

Para Luiz Gadetto, é importante, por parte dos gestores e dos profissionais, buscar agências e profissionais que comercializem a atividade de forma correta e atenciosa. “Não é esperado que um iniciante tenha total conhecimento de como agir em campo e em trilha, porém ainda sim é importante a conscientização e o estudo básico para estas práticas”. Ele finaliza com a máxima “pegue leve”, sendo essa uma dica primordial aos iniciantes. Entenda seus limites e não se arrisque em atividades avançadas.

Preparação dos profissionais

Para um passeio de turismo, a qualificação dos guias é muito importante. Este profissional deve possuir o cadastro oficial do Ministério do Turismo: o CADASTUR. Para aqueles que gostariam de trabalhar com esse segmento, é necessário a profissionalização e não somente confiar em poucos trajetos já realizados anteriormente como suficientes para guiar um grupo, existem outros tópicos a serem aprendidos. O mesmo serve para o turista, é importante que busquem e verifiquem o currículo dos profissionais.

Este episódio do podcast produzido pelo Natrilha faz parte de uma série de conteúdos que levantam os tópicos mais atuais do universo das atividades outdoor. A partir dele, experiências vivenciadas pelos profissionais puderam ser compartilhadas com os ouvintes do podcast, e agora, pelos nossos leitores do blog. Deixamos então um convite a vocês para conhecer mais sobre o Natrilha que divulga em seu site todas os episódios com o objetivo de “compartilhar práticas pessoais, dicas, informações técnicas, indicações e entretenimento sobre quaisquer esportes que proporcionem contato com a natureza e experiências outdoor”. Nossa seleção está logo abaixo. Também recomendamos o incrível trabalho da Outward Bound Brasil, que proporciona atividades construtivas ao ar livre. 

A busca pela valorização de atividades ao ar livre sustentáveis e seguras é uma luta traçada por toda a nossa rede. Sabemos que aos poucos caminhamos para o desenvolvimento do turismo brasileiro!

Nossa seleção de episódios para você:

Sobrevivendo às Férias: Evite os Riscos Invisíveis | Natrilha Podcast #38

Este episódio do Natrilha vai te mostrar como fazer da sua época de descanso um momento relaxante, confiável e seguro. De maneira que você não seja negativamente surpreendido, vamos te orientar em como evitar situações, pessoas, empresas e grupos que coloquem a sua vida e da sua família em risco.

A aplicação dos Primeiros Socorros | Natrilha Podcast #42

O Natrilha apresenta nesse episódio informações que poderão salvar a sua vida ou de alguém próximo a você na esperança de que não as utilize tão cedo. Afinal, é melhor saber e nunca precisar que nunca saber e de fato precisar. Vamos falar sobre Primeiros Socorros. Abelhas, cobras, lesões, desespero, kits básicos, técnicas de imobilizações, enfim, abordam muitos assuntos e quase falamos de acidentes de trânsito.

Férias Vivas Sobre a Segurança em Turismo | Natrilha Podcast #53

O NaTrilha volta a debater sobre segurança na prática turística. Aprenda como a denunciar um serviço mal prestado ou atividade mal executada.

Bastidores do Mercado de Rapel Comercial | Natrilha Podcast #65

Este episódio aborda tudo que rola nos bastidores do mercado de rapel comercial. Sua popularidade, e os riscos que estão por trás dessa atividade de aparência simples. Falam sobre a responsabilidade que os condutores de rapel e as empresas de turismo de aventura devem ter com a manutenção dos equipamentos, conhecer o local da prática.

E você, já fez a sua parte na construção de um turismo mais seguro?

A Férias Vivas tem como missão lutar pela conscientização e proteção de vidas no turismo nacional. Faz parte das nossas ações trabalhar para que o turista seja capaz de criar critérios avaliativos na hora escolher atividades turísticas. Somos responsáveis por realizar movimentos de mobilização e iniciativas de geração de conhecimento em prol da adoção de práticas seguras em atividades no turismo nacional.

Temos como objetivo fomentar uma cultura de profissionalização do turismo que preze pela correção de irregularidades após acidentes que poderiam ser evitados.

Um de nossos projetos é o APP EU VIVI, nele o turista tem a possibilidade de registrar acidentes que podem ter acontecido em um passeio turístico, assim nós podemos mapear os ricos e trabalhar na prevenção de acidentes. No aplicativo também é possível registrar indicações sobre atrativos, profissionais e localidades que prestaram serviços excepcionais com a finalidade de criar uma rede de compartilhamento onde o público consiga recomendar e avaliar experiências.

O turismo no Brasil só tem a ganhar com essas ações! Apoie, participe e divulgue essas iniciativas se você também vê que a segurança nas atividades deve vir em primeiro lugar.

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