Primeiras Ações em Emergências

No caso da ocorrência de um acidente, a existência de um Plano de Ações em Emergências pré-formulado é a melhor medida para tentar minimizar os danos. O staff presente em cena deverá seguir os procedimentos e protocolos que foram ensinados e praticados, previstos no Plano, garantindo assim uma resposta rápida e eficiente.

Sem a existência de um plano pré-formulado e praticado em simulados, dificilmente o responsável presente irá conseguir tomar decisões corretas e agir de forma eficaz.

Quando estamos em uma situação de estresse, como em um acidente, o coração acelera, a visão fica debilitada (‘visão de túnel’), a coordenação motora diminuí, a memória falha e o pensamento racional deixa de ser tão racional quanto devia. Qualquer pessoa que já passou por uma situação de estresse repentino pode saber disso. Em um tiroteio, por exemplo, a frequência cardíaca de um policial, pode saltar de 70 para 180!!

Imagine alguém agir de forma racional e coordenada com o coração a 180 bpm! Portanto apenas com um bom treinamento, uma pessoa conseguirá reagir devidamente a um acidente.

É muito importante que todos os funcionários de campo sejam treinados em Primeiros Socorros, principalmente considerando-se o fato de que as atividades são administradas em ambientes naturais e muitas vezes remotos. Esse treinamento deve ser composto de aulas teóricas, muitas aulas práticas e vários simulados. É preciso criar situações parecidas com as que possam ocorrer na realidade do staff, pois em uma situação real ele já se sentirá familiarizado e terá mais facilidade para agir corretamente.

Toda operadora deveria desenvolver e fornecer para todo staff de campo um fluxograma de Ações em Emergências, uma vez que em uma situação de estresse, a memória fica debilitada e falha, sendo mais fácil e seguro seguir os procedimentos escritos num papel. O uso desse procedimento (seguir o que está escrito) deve ser, inclusive, treinado em simulados.

Todo treinamento tem data de validade, portanto deve ser realizado (mesmo que em uma versão mais curta) periodicamente.

É importante que todo staff entenda que ele é diretamente responsável pela própria segurança assim como a dos participantes. Portanto antes de ir à campo, eles devem estar preparados e conscientes de tal responsabilidade.

O que fazer em caso de acidente:

  1. Ao ocorrer um acidente, a prioridade inicial deve ser em relação à segurança própria e de outras pessoas presentes Portanto, identifique rapidamente onde está o perigo e certifique-se de que ninguém mais irá acidentar-se. Pergunte-se: ‘O que aconteceu?’, ‘Estou seguro?’, ‘O grupo está seguro?’, ‘A vítima está em local seguro?’. Determine uma localização segura e mantenha os outros participantes por lá.
  2. Apenas após garantir-se da segurança dos demais participantes aproxime-se do acidentado, sempre dando prioridade à sua própria segurança. Esse não é um momento para heroísmo. Uma vítima já é ruim, dois então são duas vezes ruim. E se a segunda for o socorrista, isso é receita de catástrofe. Analise visualmente a condição do acidentado determinando o Mecanismo de Trauma e tente classificar a situação em: leve, moderada e grave. Determine a necessidade de ajuda externa e acionamento do Plano de Ações em Emergências,
  3. No momento de um acidente muitas preocupações (que podem ir de um sentimento de culpa à implicações legais) estarão no pensamento, porém esse é um momento em que o staff deve estar totalmente focado em administrar a situação.
  4. Demonstre sempre calma e confiança em suas atitudes. Isso o auxiliará a manter a ordem entre os participantes desencorajando-os de desafiar sua liderança.

Lembre-se que mais importante que responder corretamente a um acidente, é impedir que ele aconteça. Adote já uma política de Gerenciamento de Riscos em sua empresa!

Por Pedro C. Cavalcanti
É instrutor da Outward Bound Brasil, instrutor de Leave No Trace pela NOLS e Técnico em Emergências Médicas para Áreas Remotas (W-EMT). Desde 2003 administra sua empresa, a Adventure Factory, empresa parceira da Associação Férias Vivas, prestando consultoria em Gerenciamento de Riscos para atividades de aventura.