Turismo equestre no brasil: Uma atividade que exige profissionalismo turístico,
e principalmente “RESPONSABILIDADE PELA VIDA”

Viajar para lugares distantes, conhecer novas terras, diferentes povos e culturas são atividades que remontam à Antigüidade. Sabe-se, que as viagens de visitação turística surgiram com os babilônios, por volta de 4000 a.C., mil anos depois, o Egito já recebia turistas para contemplar as grandes pirâmides.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), a atividade emprega uma a cada nove pessoas economicamente ativas, criando 745 empregos/dia, com previsão para ocupar 348 milhões de pessoas até o ano de 2005, e participar em 10,7% dos investimentos mundiais. Porém, em contrapartida, os custos sociais e ambientais gerados pela atividade são elevados.

Este processo de desgaste dos tradicionais produtos turísticos está fazendo com que muitos se voltem para a construção de um modelo turístico, ressaltando a importância das responsabilidades ambientais, desenvolvimento sustentável das atividades turísticas e aproveitamento consciente das novas áreas de consumo, entre elas as, naturais e rurais. O crescimento e fortalecimento das atividades de Turismo Eqüestre, surge em resposta a esta verdade.

O Turismo Eqüestre tem nos eqüídeos o principal atrativo ou, pelo menos, uma das principais motivações, já é reconhecido em diferentes países como um importante segmento dentro das atividades de turismo e lazer e conta com grande e crescente número de adeptos. Pode-se tomar como exemplo e referência, a Associação Nacional de Turismo Eqüestre da França, que tem mais de 200 mil sócios.

A atividade no Brasil foi introduzida por alguns poucos pioneiros, a cerca de 20 anos, e, efetivamente, começou a desenvolver-se de fato, há aproximadamente 10 anos. Denominadas como passeios a cavalos, viagens a cavalo, ou ainda cavalgadas muitas operam junto a hotéis fazenda, e outros são empreendimentos que atuam com essa exclusiva finalidade.

Em nosso país a cavalgada turística, pelos registros existentes, teve iniciou com o cavaleiro francês Stephane Bigo em 1986. Depois de percorrer, montado em Mangalarga, quase todo o sul da América do Sul. Bigo ao retornar da Bolívia para São Paulo, de onde partiu, atravessou o Pantanal do Mato Grosso e ficou tão encantado que, depois de concluída a sua cavalgada, retornou àquela região para organizar cavalgadas, ofertando diferentes percursos e tropas de animais para turistas europeus e brasileiros.

Depois, aos poucos, alastrou-se a tal ponto que, hoje no Brasil, é possível cavalgar nos mais longínquos pontos do Brasil. Porém, estruturar e qualificar esta oferta, colocando no mercado, novos produtos de qualidade, compatíveis com nossa diversidade cultural e ambiental, e contemplar às diferentes regiões brasileiras constituem-se num grande e promissor desafio.

A qualidade do produto de Turismo Eqüestre, mais do que uma vantagem competitiva é pressuposta fundamental para o sucesso das atividades e dos destinos. Sendo assim, é fundamental aperfeiçoar os mecanismos básicos ao aprimoramento da qualidade de gestão da atividade e dos serviços, bem como aplicar métodos para qualificar e difundir esses conhecimentos. Ou seja, uma batalha pela responsabilidade e profissionalismo deve ser para conseguirmos chegar a este padrão.

Duas parecem ser as maiores dificuldades que, se superadas, permitirão o alavancamento da atividade em nosso país. Primeiro esta necessidade de um maior profissionalismo por parte dos empreendedores, que devem tratar a atividade como um negócio que exige planejamento, investimentos na estruturação, formação de mão de obra, cuidados com o produto e atenção com a segurança.

O segundo item seria a maior divulgação dos produtos para turistas brasileiros e estrangeiros. Porém, esse deverá ser abordado em um segundo momento de discussão, pois, agora, é fundamental formar e fortalecer produtos com qualidade, responsabilidade e segurança antes de nos propormos a ofertar.

A segurança inicia-se pelo reconhecimento preciso do nosso público, sua real habilidade em montar e confiança. Também, quais as características da nossa tropa e do equipamento ofertado.
Tanto os cavalos, como o ser humano tem suas habilidades especificas e potencialidades, por isso lidar com essa realidade é reunir dois elementos distintos que ao fim deve resultar obrigatoriamente uma boa parceria.

Como ato de profissionalismo e respeito pela vida, nós, empreendedores do turismo eqüestre, devemos reconhecer e assumir como verdade, requisitos básicos ao bom funcionamento das atividades turísticas, como: a preparação adequada dos animais; a preservação pela segurança, envolvimento de equipes treinadas, bem como, manutenção dos equipamentos em boas condições e oferta de capacetes de segurança, a exemplo do que acontece em distintos locais do mundo. “Não imagine andar nos longínquos campos da Irlanda ou mesmo nas trilhas do Chile, nos vulcões do Equador, nas praias de Portugal, entre outros incríveis locais do mundo, sem a oferta destes itens mínimos de segurança”.

Lembro, que sermos apaixonados pelo cavalo, é uma característica fundamental para a composição e veracidade do produto que ofertamos. Ë nosso “produto de origem”, porém, tivemos que acrescentar a essa característica peculiar, o profissionalismo turístico. Só assim, nos tornarmos aptos a proporcionar mais que um passeio a cavalo, ou uma cavalgada, e sim, “uma experiência única vivida”, cheia de paradas em lugares pitorescos, lanches e piqueniques natureza, comunidades e cultura local.

Infelizmente esse comprometimento pela qualidade e segurança ainda não é unânime em todos os produtos de Turismo Eqüestre no Brasil, pois, ainda estamos vivenciando o processo de desenvolvimento da atividade, mas, acreditamos que essa realidade venha a mudar, pois, a responsabilidade com a oferta de qualidade e segurança, tem em contrapartida, a conquista de um turista que reconhece o produto e percebe que procuramos ofertar uma atividade com menor risco e cada vez com mais encantamento.

Ou seja, somente os empreendedores responsáveis poderão concorrer neste novo mercado turístico. Aqueles que permanecerão, certamente são aqueles que mantém o padrão de qualidade e segurança, ou aqueles, que se propuserem a adequar seu produto.

por Andréia Maria Roque Junqueira de Arantes

Ms. Desenvolvimento e Meio Ambiente
Professora Universidade Católica de Brasília
peradora de Cavalgadas
site: https://www.cavalgadasbrasil.com.br email: andreia@cavlagdasbrasil.com.br